25 março 2008

Visitas em Praga

Depois de chegar da final trip o tempo e o esforço foram dedicados à tarefa de mudança de pouso. A casa já tinha sido escolhida mesmo antes de irmos de viagem. Mal chegámos foi só assinar mais umas papeladas e pagar…ora pois claro!

A minha ideia seria dar uma saltada à civilização durante dois ou três dias assim à socapa sem dizer nada a ninguém, mas infelizmente não se proporcionou. Isto porque marcaram-me um exame para os dias em que os voos estavam a preços minimamente aceitáveis. Azar!
Entretanto o segundo semestre começou e com ele as tretas do costume voltaram. Escolher cadeira dali, falar com o professor xis, fazer inscrição à cadeira ypslon… etc, etc… Ainda está tudo a meio gás. Vamos ver como a coisa corre. Se correr tão bem como o primeiro seria ouro sobre azul!
Na semana passada recebi, depois de mais de cinco meses, as primeiras visitas só para mim! O Fil e o João chegaram na 4ª-feira e foram embora na 3ª-feira seguinte, dia 11. Durante estes dias entrei em modo cicerone e levei-os a passear pela cidade de uma ponta à outra (mais ou menos…). Vi muita coisa repetida mas também muita que ainda não conhecia. Num dos dias fomos ao campo de concentração de Terezin que fica cerca de 50 km a norte de Praga. Fizemos acompanhar-nos pelo Bruno e partimos ao fim da manhã. Passámos lá menos de quatro horas já que o último autocarro partia às 16h30. Infelizmente não deu para conhecer tudo mas penso que o mais importante ficou visto! Outro marco na semana foi o jogo de hóquei no gelo que fomos ver. Sparta vs. Liberec a contar para os quartos-de-final da liga checa. As equipas jogam todas entre si durante uma primeira fase de pontos. As oito primeiras passam à fase de play-offs até chegarem à final. Nesta fase o vencedor encontra-se à melhor de sete partidas. O jogo que fomos ver foi o quarto e o último jogo entre estas duas equipas já que o Liberec ganhou quatro jogos seguidos não dando, por isso, qualquer hipótese ao Sparta.
Quanto a rondas nocturnas a coisa não foi muito bem sucedida… Tentámos o Infinity, mas sem sorte: estava fechado e pela segunda e última vez não me deixaram entrar no Misch Masch. Fora esses dois infelizes episódios ainda fomos ao Meca, ao Vagon, ao Roxy e ao Lucerna que, como do costume, estava muito bom!
Assim num aspecto global parece-me que ficaram com boa ideia da cidade. O João dizia que se adaptava bem a esta vida… :)









12 março 2008

Final trip

Depois de tantos dias sem actividade, nada como um verdadeiro testamento a acrescentar às crónicas deste ano de erasmus.
Os exames abrandaram, os trabalhos acabaram, as férias dentro das férias começaram :)

Para a maioria dos participantes seria mesmo a final trip. Para outros não seria bem assim… Ainda há mais um semestre pela frente! A razão era de 5 para 4, coisa equilibrada por tanto!

Mas voltando uns dias atrás, a um belo dia de uma manhã solarenga quando me invadem a suite de Strahov. Desde o Natal que estava sozinho no quarto. O meu antigo companheiro não voltou depois das férias e por isso fiquei com o quarto só para mim. Ora, esta regalia durou pouco mais de um mês quando, como referia, um pastor me bate à porta e entra por ali a dentro sem mais nem menos… Mal arranhava o inglês, tinha um aspecto europeu e tinha a etiqueta da mala da Turkish Airlines. Perguntou-me se falava russo! Alguma coisa, respondi eu, mas não é o meu forte. :) Vim então a saber que vinha da “glorious nation of Kazakhstan”. Pois é! E parece que a cidade dele é junto à fronteira com a China…





Continuando com a tal viagem… Reunimos 9 javalis e partimos em direcção aos bálticos que seriam, não o único, mas o objectivo principal. Para além de quatro cidades bálticas incluía-se também Berlim e Helsínquia.

Houve quem tivesse ido mais cedo para Berlim. Outros foram mais tarde. Eu incluído. Saímos no autocarro ao fim da noite e chegámos a Berlim de madrugada para apanhar voo com destino a Riga. Encontrámo-nos todos no aeroporto de Schönefeld. Para começar bem a viagem o Pedro perdeu o telemóvel logo ali… Mais nada!

À chegada a Riga lá demos com o hostel com relativa facilidade. Ficava mesmo no centro histórico pelo que não precisávamos de transportes públicos para passear. Abastecemo-nos logo ali perto num restaurante com comida russa. Deixou muito a desejar. Entre a russa e a checa venha o diabo e escolha… Ainda demos umas voltas valentes e mais à noite demos uma saltada a um barzeco catita. Uns continuaram pela noite fora e outros recolheram mais cedo… A saúde de um dos membros estava um bocado agreste. Ainda por cima esse membro, o João, seria um dos futuros condutores da nossa biatura. Mas depois a coisa lá passou e voltou a apresentar níveis aceitáveis de condição física necessários à condução de tal veículo. :)

Entretanto estabeleci contacto com o meu ex-companheiro de quarto. O Janis. Tive o prazer de partilhar com ele a suite de Strahov. Foram 3 meses a trocar conhecimentos. A acordar com ele a mastigar o almoço de boca aberta, a virar a cabeça para o lado e ver os pés dele de fora da cama, a vê-lo tomar dois shots de becherovka quando lhe doía a cabeça… A chegar às 2ªs-feiras de manhã dos passeios e ter o quarto limpinho e arrumado, a beber os chás que ele comprava… Que saudades! :) Bem, mas regressando a Riga, o contacto foi estabelecido pela simples razão de ele morar a 20 km da cidade. E a providência quis que estivéssemos com ele no seu dia de anos. Ele disse que os amigos dele estavam a estudar ou a trabalhar, já que era um dia da semana, e veio passar o dia connosco. Visitámos uma torre com vista panorâmica sobre a cidade, o Museu da Ocupação, demos mais uns passeios e fomos vendo igrejas e outros que tais pelo caminho.

No dia seguinte fiz-me acompanhar dos condutores eleitos, o João e o Tiago, e partimos à descoberta do escritório do rent-a-car. A tarefa revelou-se bastante complicada já que demorámos duas horas a encontrar o sítio. Apesar de nos termos enganado na ponte que seria suposto atravessar e deixarmos passar a paragem de autocarro correcta, o sítio era muito manhoso e nem um painel a dizer Hertz tinham cá fora. Depois de cumpridas as formalidades do aluguer da viatura, uma Volkswagen Transporter de 9 lugares, regressámos ao hostel para recolher o resto da turminha. Mais uma vez, placas com indicações são coisas que não existem nas cidades bálticas! Por isso foi complicado encontrar o hostel e sair da cidade na direcção correcta.




A próxima paragem seria Kaunas, segunda cidade da Lituânia e a maior cidade não capital dos três países bálticos. A impressão inicial (bem, digamos que nem inicial, nem intermédia, nem final) não foi a melhor… Para não variar andámos às voltas até darmos com o hostel. Ficava assim no meio de uns prédios muito manhosos nos subúrbios da cidade. E a primeira vez que saí da carrinha e pus o pé no chão tinha uma seringa a meio palmo da minha bota… Era o Texas! Entretanto acomodámo-nos no hostel que até tinha bom aspecto. Tinha acabado de ser remodelado e ao que parecia éramos os primeiros hóspedes. Até fomos nós que estreámos os lençóis e companhia. A recepcionista só falava alemão e russo, pelo que a comunicação foi complicada. E era tudo tão novo, tão novo, que a caldeira da água ainda nem se quer estava ligada. Ou seja, água quente foi coisa que não existiu no dia seguinte…

Regressando ao dia anterior, fomos jantar a uma pizzaria que se revelou bastante aceitável. Depois do jantar o Diogo e o Saleiro ficaram a fazer um levantamento do terreno enquanto outros foram ao hostel. Passado algum tempo voltámo-nos a encontrar. Eles os dois já traziam amiguinhos novos! Foi nessa altura que fomos perseguidos por dois nativos com facas em punho que vinham a passo acelerado atrás de nós. Os nossos novos amigos aconselharam-nos a apressarmos o passo até chegarmos a um sítio mais movimentado. E assim foi. Tudo tranquilo. Conversa daqui, conversa dali, ficámos a perceber que Kaunas era uma cidade muito perigosa. E que era também a cidade com maior percentagem de nativos em todos os países bálticos, já que por aquelas bandas também abundam russos, bielorrussos, ucranianos e alguns polacos. Conclui-se, então, que os lituanos não são flor que se cheire… :)
A manhã seguinte ainda permitiu uma visita pela cidade que, diga-se de passagem, pouco tinha para ver. Enchemos novamente a carripana e partimos para Vilnius.







O caminho foi curto. Menos de 100 km. Mais uma vez demos umas voltitas até acharmos o hostel. Pousámos a tralha e mandámo-nos para a praça. A noite já tinha caído o que não impediu que desse para ter uma ideia muito agradável da cidade. Subimos ao castelo e tirámos umas belas fotos! O repasto nocturno foi muito agradável. Escolhemos um dos restaurantes recomendados e tomámos uma bela refeição gourmet. :) De seguida fomos ver o que mexia… Foi uma noite muito bem passada.

O Pedro acordou mais cedo e registou fotograficamente algum do reportório em falta nos nossos cartões de memória da capital lituana. Almoçámos por lá e depois de ter a tralha toda pronto partimos em direcção ao Báltico Norte!











Talin estava a 7 horas de viagem. Não foi nada agradável mas lá nos fomos entretendo no meio de tanta baboiada… Música, bolas de sabão e jogos do adivinha…tudo à mistura. Quando chegámos a Talin seriam umas 2h da manhã. O hostel era mesmo na praça central pelo que não foi difícil chegar lá. Era uma espécie de casa com 2 pisos a cair aos bocados, com uma decoração toda alternativa. Alcatifas nas paredes a tapar os buracos no estuque. Uma casa-de-banho com 2 m2 onde cabia um chuveiro e uma sanita. Nada fácil. Ainda por cima a água quente era provida por um cilindro mínimo que só dava para um banho. Foi o Texas! E íamos ficar aqui três noites…

Acordei cedinho para ir entregar a carrinha com o Pedro. Tivemos que dar umas voltas até encontrar uma bomba de gasolina mas quando chegámos ao rent-a-car apercebemo-nos que havia uma quase colada ao edifício deles. Viemos ter novamente com a turminha para nos mandarmos para a praça. Nesse dia íamos perder três membros da comitiva: a Clarita, o João e o Tiago. Regressaram mais cedo já que tinham voo para Portugal dentro de dois dias. Queriam voltar a Praga para deixar as coisas organizadinhas ou para aproveitar os últimos dias com mais sossego. :) Mas antes fomos todos almoçar a um restaurante tipo self-service. Para não variar fizemos imensa cagada com umas velas que estavam nas mesas. O pior foi que eu me esqueci lá da máquina fotográfica e quando voltei lá ouvi um raspanete que não sabia onde me havia de meter. Nós fomos comprar bilhetes de ferry para no dia seguinte irmos a Helsínquia. O resto dos cartuchos foram gastos no passeio pela cidade. Fomos jantar a um restaurante texano que tinha uns nachos com um queijo divinal. Mesmo muito bom!







Relógio para as 6h da manhã ou coisa que o valha e caminhada em direcção ao porto. A viagem demorou cerca de 2h30 até chegarmos a Helsínquia. Levámos farnel de Talin que tínhamos comprado no supermercado já que os preços finlandeses não são muito agradáveis.

Lá fizemos a ronda que qualquer turista que se preze faz! Meia dúzia de igrejas, uma delas bastante curiosa, que era como que escavada numa rocha! Mais uma famosa biblioteca da Universidade de Helsínquia. Um centro de espectáculos musicais que dá pelo nome de Pavilhão da Finlândia. Vista exterior do Museu de Arte Contemporânea do famoso arquitecto Steven Holl (digo que é famoso mas eu não o conhecia…a responsabilidade de tal afirmação pertence aos compinxas arquitectos já que percebo tanto disso como do processo de acasalamento das alforrecas no Oceano Pacífico…). Lá pelo meio ainda deu para ir duas vezes a uma loja da Nokia toda pimps, não estivéssemos nós na Finlândia! Na volta para Talin vagueámos um bocado pelo ferry. Enquanto a Rute e o Bruno descansavam, eu, o Saleiro, o Diogo e o Pedro comprámos uma garrafinha de Finlandia (a condizer ) e demos-lhe vazão antes de aportarmos. E foi esta a aventura por terras escandinavas ou, segundo a Saleiropédia, por terras apenas nórdicas…







De regresso à capital estoniana (ou estóica como ficou conhecida) ainda deu para passear mais um bocado pela manhã. Já não me lembro o que fizemos mas devem ter sido mais umas voltitas, como do costume. O avião de regresso a Berlim estava marcado para a tarde. E assim foi! A viagem foi rápida e tranquila mas com direito à famosa expressão do Pedro no momento da descolagem: “Tou todo borrado!”.

Mais uma vez em Berlim. Para mim a segunda (sem contarmos com a passagem de escala para Riga). Para os outros três que ficaram era a primeira: o Saleiro, o Pedro e a Rute. Os outros dois baboias do Bruno e do Diogo apanharam ainda no mesmo dia o autocarro para Praga. Seria a última vez que estávamos com o Diogo pelo que a despedida deu direito a brinde com o famoso Jagermeister! Tinha voo no dia seguinte para Lisboa desde Praga. O Bruno veio receber uns amiguinhos deles que chegavam a Praga por essa altura…

Apesar de ter visto pouca coisa de novo, o regresso a Berlim foi muito bom. Primeiro porque notei imensas diferenças em relação a 2005, quando lá estive a primeira vez, e depois porque a companhia era muito boa. Digamos que a função de cicerone é uma coisa que não assenta muito bem em mim, mas enfim… Fizemos uma free tour. Não, não foi em cabarets. Era uma visita guiada de cerca de 4 horas pelos principais spots da cidade num ambiente informal. A visita era de graça. Quem quisesse podia dar uma gorjetazita no fim. Praticamente toda a gente o faz. Mas pode-se dizer que vale a pena!

Não me está nada a apetecer falar dos sítios todos que visitámos. Estou agora a lembrar-me do Museu Técnico porque foi das poucas coisas novas que vi. Também fomos ao Hard Rock Café que ainda não conhecia. Recebi um presente e tudo… Quem merece, merece! Convém referir que ficámos num hostel impecável e muito barato. Tinha uma localização muito boa, quartos fixes, casas-de-banho limpinhas e em boas condições e um pequeno-almoço que puxava de muito barbeiro! E agora que falei no hostel lembrei-me dum chato dum brasileiro que se queria colar a nós fortemente… Tivemos que usar de astúcia para conseguir despistá-lo. Ficámos duas noites em Berlim. Ao fim do terceiro dia apanhámos o amarelinho de regresso a Praga. A chegada às 5h da manhã nem sempre é agradável… Neste caso estava um frio que deus me livre! Mas lá fomos para “casa” e dormimos umas valentes horas!








Deu-se assim por concluída a aventura. :) Deixo aqui os meus agradecimentos ao Diogo e ao Saleiro por terem tido a brilhante ideia de fazer tal percurso, à Rute por ter tido a paciência de procurar os hostels e ter limado alguns pormenores da rota e ao João e ao Tiago por nos terem conduzido, sãos e salvos, por essas estradas a fora… Bem, agora até me sinto mal por não agradecer aos outros, por isso vou tentar descobrir alguma coisa que cada um tenha feito de positivo… Um agradecimento do fundo do coração à Clarita por ter tido a brilhante ideia de levar o iTravel, outro ao Bruno por estar constantemente bem humorado e por soltar gargalhadas a toda a hora, mesmo quando ninguém diz nada com piada e, por fim, ao Pedro pelo enorme reportório fotográfico, pela constante libertação de gases tanto através das vias superiores como inferiores e pela repetição, que às vezes se tornava irritante, da famosa frase que já deu direito a despedimentos “Arbeit macht frei”.