27 novembro 2007

Compinxas do Norte

Parecendo que não, um aluno de Erasmus também tem que estudar e trabalhar... de vez em quando. Foi um bocado isso que se passou a semana passada e ontem já que supostamente hoje teria um teste. Teste esse que acabou por ser adiado para a próxima semana devido a problemas técnicos...

Ora bem, tal estudo deveu-se ao facto da forçada ausência durante o fim-de-semana. Digamos que me vi obrigado a visitar os meus caros compinxas do Norte! E comigo uma aquisição de última hora que se juntou à caravana.
A viagem para lá foi cansativa já que saímos de casa muito cedo e chegámos a Gotemburgo muito tarde. O grande problema foram as 7 horas de espera em Bratislava. É claro que num aeroporto com meia dúzia de balcões de check-in e três ou quatro lojas seria impossível aguentar muito tempo sem dar em maluco. Houve, por tanto, tempo mais que suficiente para dar um salto à cidade e matar saudades.
Ao chegar ao aeroporto de Estocolmo (que é o mesmo que dizer que o aeroporto do Porto é de Coimbra) encontrámo-nos com o Frize e rumámos a Gotemburgo num carro alugado. E eu que me esqueci da carta de condução e o aluguer foi feito em meu nome. O senhor da Europcar foi porreiro e disse que não havia problema desde que houvesse condutores extra.
Fomos recebidos impecavelmente numa residência de luxo e à nossa espera estavam os anfitriões juntamente com o Salgueiro, o Ni e o irmão Nhecas! No dia seguinte passeámos valentemente... Estava um frio desgraçado que desconfio ser o responsável pelo estado debilitado em que me encontro neste preciso momento. Ao fim do dia descubri uma das melhores coisas que os suecos inventaram: chamam-no after work e tem lugar em vários pubs onde se paga uma entrada de 2€ e pode-se comer de tudo o que há as vezes que se quiser. Claro que as bebidas não são baratas (mas lá nada é barato). De qualquer forma fiquei muito bem impressionado. Foi encher o bandulho até não poder mais...
Ainda visitámos a universidade do Damião e do Viseu. Impecável! Não tem nada a ver com a nossa aqui de Praga em termos de tamanho (temos 22 000 alunos), mas é mais nova e mais agradável.
Também nos foi dada a oportunidade única de participar numa festa da residência deles. Um conceito de festa assim um bocado para o esquisito, mas com os preços praticados pelas discotecas há que improvisar... Aquilo começava na cozinha do último andar e ia percorrendo todas as cozinhas até ao primeiro andar. Não sei se fizeram alguma votação para eleger a melhor cozinha... =)
Domingo às 8h da manhã já estávamos a arrancar para o aeroporto. A viagem fez-se bem apesar de termos apanhado bastante neve pelo caminho.
O Ni, o Nhecas e o Salgueiro seguiram para Eindhoven e eu e o Saleiro regressámos para Bratislava e depois Praga.
Ficou a faltar Estocolmo mas há-de haver mais oportunidades...





IMAGENS - de cima para baixo:
  • a tripulação excepto eu que tirei a foto =)
  • Götaplatsen
  • Pinto da Costa em cima da águia do Benfica
  • mistura entre matrecos e suboteo mas de hóquei no gelo
  • o ambiente num pub no referido after work
  • a chamada festa da cozinha com o Damião ali estampado








21 novembro 2007

Bohemia ocidental

Depois de frustrada a tentativa de ir a Budapeste, já que os autocarros estavam todos cheios e o comboio é consideravelmente caro, equacionaram-se outros sítios para visitar! Nada melhor que pegar num mapa, ir à internet e percorrer as companhias de low-cost até encontrar alguma coisa à altura! O problema é que o facto de estarmos em cima da hora não ajudou. Por isso pegámos no mapa da República Checa e decidimos ficar por cá (afinal estou neste país e pouco conheço a não ser Praga). Duas cidades que ficassem na mesma zona seria uma boa opção, por isso o destino escolhido foi a Bohemia ocidental de modo a cobrir Plzen e Karlovy Vary.




Seria suposto sair na 6ª-feira de manhã com o Luis e o Cândido mas acabámos por ir todos à tarde com a Bárbara, o Tiago e o Pedro! O sono não perdoa... Chegámos a Plzen já era noite e como não havia marcação de nenhum sítio para pernoitar, a prioridade foi arranjar alguém que nos desse guarida! Andámos de porta em porta a ver se havia camas para cinco gandulos e uma gandula. Corremos os subúrbios da cidade durante mais de duas horas, para trás e para a frente até que decidimos mandarmo-nos pá praça, que é como quem diz, ir para o centro e procurar lá alguma coisa mais cara. Conseguimos um quarto com seis camas que ficou a 14€ por bico. Dadas as condições, até não foi mau!


Depois de encher o bandulho há que encontrar algum sítio minimamente decente para beber umas cervejinhas e interagir com a comunidade local! Tarefa que se revelou complicada já que após duas tentativas falhadas estávamos à beira de desistir. Foi aí que interceptámos um grupo de portuguesas que moram por lá. Já sabia de ante-mão que existiam muitos portugueses a estudar medicina por ali mas no meio de 150 mil pessoas (habitantes de Plzen) pode-se dizer que foi um achado. Ora, a partir daqui a coisa endireitou-se. Fomos com elas a um pub minimamente decente e a uma espécie de bar que não percebi muito bem se era mesmo uma discoteca. Mas mariquices à parte, foi bonito de se ver =).


No outro dia de manhã, outra vez neve! Infelizmente isto de nevar está a tornar-se completamente banal... antes neve que chuva mas assim deixa de ter tanta piada! E como o hostel não tinha pequeno almoço e tínhamos sido convidados para ir tomar o pequeno almoço a casa de duas das nossas novas amigas, foi só arranjar a trouxa e fazermo-nos ao caminho! Belo pequeno almoço... Sem dúvida o melhor que já tomei desde que por aqui estou. O resto do dia foi passado a passear com uma visita à fábrica de cerveja mais famosa da República Checa: Pilsner Urquell.


O planeado seria partir para Karlovy Vary e dormir lá, mas após um convite para um jantar bem regado com direito a dois pratos e várias sobremesas, foi decidido por unanimidade adiar a viagem. Mais uma vez fomos sondar a noite de Plzen, noite que parece não ter acabado muito bem! Digamos que os checos, para além de cheirarem mal, são bastante selvagens no que toca a porrada com copos a mais... Mas nada connosco por isso, siga! É atar e por ao fumeiro. Ora, o comboio saiu às 8h e chegámos a Karlovy Vary com duas horas de sono deixadas na viagem...


Quilómetros para a frente e para trás, subir, descer, comer pelo caminho, centenas de fotografias, peidos e piadas que só fazem sentido depois de uma noite na discoteca sem dormir... Penso ser esta a melhor maneira de resumir o dia. Chegámos a Praga seriam umas 8h da noite e puxa barbeiro para a caminha. Que maravilha...


No outro dia soube que tinha dois relatórios para entregar e que só tinha três dias para os fazer. Dois já passaram e a coisa ainda só vai a meio... Podia ser pior! Outro fenómeno que se tem vindo a desenrolar é a requisição desmedida dos meus serviços como barbeiro! Já vão três na minha conta e a coisa tende a alastrar-se... Talvez abra por aqui um negócio tipo: "Cabeleireiro mas só com máquina". Porreiro!


E por agora é tudo já que amanhã de madrugada há que acordar cedo para apanhar o voo para a Suécia. Eu e o Saleiro vamos a Gotemburgo visitar os caros amigos Viseu e Damião aos quais se juntarão o Frize, o Ni e o Salgueiro. Tanto bacalhau junto... vamos lá ver no que isto vai dar.


IMAGENS - de cima para baixo:



  • entrada da fábrica de cervejas

  • prova final

  • sinagoga de Plzen, a 3ª maior do mundo

  • a malta toda com as nossas guias impecáveis =) (menos o Pedro que tirou a foto)

  • catedral de Plzen

  • já em Karlovy Vary no cimo do monte

  • uma das ruas principais

  • igreja anglicana

  • igreja ortodoxo (ficavam as duas coladas)

  • foto estúpida mesmo à turista















15 novembro 2007

Algumas conclusões

E depois de quase dois meses em Praga chega a altura de reflectir acerca do país, da cidade e das pessoas.
Provavelmente repetir-me-ei em algumas coisas mas também não tenho pachorra para estar a ler o blog todo do princípio ao fim, por isso peço desculpas pelo incómodo.


A bem dizer da verdade talvez seja um bocado difícil ou mesmo precipitado tirar algumas conclusões acerca do país em si! Digo isto porque apenas conheço Praga, Brno, Teplice e Krupka (estas duas são pequenas cidades no Norte). De qualquer forma posso afirmar com toda a certeza algumas coisas que qualquer pessoa pode saber sem nunca ter vindo cá. Faz um frio do caraças, a população ronda os 10,5 milhões e a área é de cerca de 80 mil km2 equivalente a Portugal sem o Algarve. Ora, aqui para estar frio não significa que a altitude seja necessariamente elevada. Praga está a 250 m e em Novembro já só há temperaturas a baixo de zero. A maior montanha tem 1600 m de altitude. Não sei qual é o nome mas sei que as pessoas referem-se a ela como montanha gigante! Há-de ser qualquer coisa do tipo gigante mas em checo…


O país é composto por três regiões: Boémia, Morávia e Silésia. Esta última é consideravelmente mais pequena em relação às outras duas. Como já disse a segunda cidade é Brno (capital da Morávia) e tem cerca de 400 mil habitantes. Ostrava (capital da Silésia) é a terceira com 300 mil e quanto a Praga, rondam os 1,2 milhões. É, portanto, uma capital pequena.


Relativamente a Praga, a primeira coisa que me marcou foi o excelente serviço de transportes públicos. Apesar de o metro ser relativamente pequeno e só ter três linhas, está muito bem integrado com os eléctricos e autocarros. É um facto que todas as grandes cidades de antigos países comunistas padecem desta vantagem… mas Praga é verdadeiramente surpreendente. Outra curiosidade é a elevada percentagem de carros Skoda que se vê. Arrisco-me a dizer que 50% são dessa marca. É uma curiosidade mas é natural e benéfico que assim seja. Quanto à segurança, até hoje não senti qualquer tipo de perigo em nenhum lado. Não sei se tem sido sorte mas esta é a verdade. Também não se vê assim muitos polícias na rua…


A Praga turística é uma cidade acolhedora e pitoresca. Com muitos pormenores arquitectónicos, muitos monumentos, igrejas e museus… Outra grande atracção da cidade são os cabarets. É absurda a quantidade de cabarets que existem por aqui. E a coisa mais natural é andar na rua a partir do fim da tarde e pessoas virem perguntar se está interessado numa free-tour (isto é, dar uma volta de 2 ou 3 minutos pelo interior do cabaret para ver o ambiente). Normalmente as pessoas que abordam são de raça preta. Não sei porquê mas é um facto.


Não existem muitos pretos por aqui. O que mais se vê de raças diferentes são orientais. Muitos deles já perfeitamente integrados: falam checo, têm nacionalidade checa e alguns misturam-se com os nativos e procriam!


Quanto ao típico nativo, o melhor será dividir por sexo. A mulher checa típica mede entre 1,70 e 1,80. Por vezes mais mas poucas vezes menos. São relativamente magras. Praticamente não existem obesas. Têm cabelo normalmente castanho claro ou louro e olhos também castanhos claros ou azuis. As feições são suaves e têm um nariz um bocado empinado. A anca é pouco larga e as pernas delgadas. O peito é na maioria das vezes pequeno. Calçam números grandes (de 38/39 para cima!). Têm mãos elegantes com dedos compridos, por vezes de mais. A maioria não se produz nem se veste muito bem. São mais desenrascadas e mais independentes que a típica portuguesa. Os homens são altos. Muito raramente abaixo de 1,75 sendo o mais comum entre 1,80 e 1,90 ou mais… Também não são gordos e são robustos. O cabelo e os olhos são iguais aos das mulheres. Muitos usam cabelo comprido. Têm uma pata exageradamente grande com uma média a rondar os 44/45! (No outro dia fui tentar comprar umas botas e não fabricam números abaixo do 41!) Têm um bocado ar de azeiteiros já que se vestem um bocado mal. A maioria parece-me que é tímida e um bocado rude. Não tomam banho e por isso cheiram mal!
Agora de uma maneira geral, o checo é uma pessoa muito liberal, começa desde ceda a criar a sua própria independência. É normal e muito comum (na maioria das vezes) estudantes universitários trabalharem. Fazem muito desporto e parecem-me ser minimamente cultos. Não são muito simpáticos e muito poucos adultos falam inglês. Quanto a religiões, 50% são ateus e os outros 50% são praticamente todos católicos. É o país com mais ateus na Europa. A liberalização do aborto existe desde 1956.


Chega de reflexões e curiosidades por hoje! Quando tiver com paciência volto.



Logótipos das duas marcas checas mais conhecidas internacionalmente: Škoda (automóveis) e Bat'a (calçado).


13 novembro 2007

Duas de uma vez

Na passada semana não houve nada de especial. Ficámos por cá durante o fim-de-semana e como o primo do Saleiro veio cá, ele andou muito ocupado com o difícil trabalho de guia turístico.

Ouve jogo da liga dos campeões por isso fomos ao bar habitual ver os jogos. Aqui à beira de "casa" jogou o Slavia contra o Arsenal. Depois do 7-0 da jornada anterior, um empate a zero não foi nada mau... Mas regressando ao outro bar, apesar de custosa, a vitória não fugiu ao FCP. Quanto ao Benfica já não se pode dizer o mesmo. Estavam lá uns escoceses do Celtic que faziam um basqueiro bestial! Fartavam-se de mandar vir e no fim do jogo cumprimentaram os tristes dos benfiquistas que por lá andavam. Aqui deixo um brinde aos escoceses!

No fim-de-semana fomos passear... Aproveitámos a proximidade e fizemos duas de uma vez: primeiro Bratislava e depois Viena.
Apanhámos um voo para Bratislava que ficou bestialmente barato (12€) na 6ª-feira de manhã. Chegámos lá por volta das 10h e ainda andámos às voltas à procura do hostel. Quando o encontrámos, subimos e eu entreguei o voucher da reserva. A rapariga da recepção disse-me que a minha reserva era de outro hostel! Fiquei um bocado mal mas nada que não se resolvesse. Era só atravessar a rua e já lá estávamos. Não era mau mas também não era barato e não tinha pequeno-almoço.
Fomos dar uns passeios valentes pela cidade e numa tarde vimos o centro histórico todo. O centro da cidade é muito pequeno. Nem diria que é uma capital. Têm uma catedral um bocado manhosa e um castelo que não deve ter muito mais que 100 anos! Pelo que li parece que era em Bratislava que eram coroados os reis do Império Austro-Húngaro. Deve ser verdade já que se via muitas vezes escrito: "Bratislava: the coronation city".
Voltámos para o hostel para dormir uma sonecazita. Já dormíamos cerca de uma hora e entraram no quarto uns trengos duns castelhanos que não se calavam! Aquilo era tudo deles. Put* que os p*riu... Ainda por cima no dia seguinte roubaram o cachecol e o gorro do Saleiro.
À noite fomos jantar a um pub típico muito porreiro. Com comida típica e decoração manhosa... Conhecemos uns eslovacos já um bocado tocados que nos pagaram uma bebida tipicamente eslovaca. É uma espécie de aguardente mas de pêra. Até arranhou... Fomos com eles para uma discoteca que outrora tinha sido usada como abrigo anti-nuclear na altura da guerra fria. Ainda hoje parte do abrigo é usado pelo exército eslovaco. Tinha uma porta com meio metro de espessura e uns corredores manhosos muito baixos. Mas era muito porreira. E tinha uma frequência muito boa... Segue-se para a crónica dos dias seguintes já que o resto foi censurado.
No dia seguinte tiveram que nos expulsar da pousada já que saímos quase duas horas depois da hora de check-out!
Apanhámos o comboio para Viena que demorou uma horita. Fomos para o hostel e seguimos para o centro da cidade. Estava um frio do carai... Fomos jantar com mais três portugueses que também tinham ido para lá no fim-de-semana: a Clara, a Joana e o João.
Demos mais umas voltinhas e fomos dormir que Viena não é Bratislava ou Praga onde ainda se pode sair à noite!
No outro dia estava a nevar a potes! Mais uns passeios valentes. Visitámos o Schloss Schönbrunne e demos muitas voltas pelo caminho. Continuámos para o Ring que é uma espécia de circunvalação e dá a volta ao centro da cidade e vimos muita monumentada... O João, a Joana e a Clara regressaram para Praga ao fim da tarde. Por essa hora já não havia quase neve nenhuma. À noite fomos ver um concerto de música clássica. Era uma espécie de rapsódia que misturava os andamentos mais famosos da música clássica com alguns excertos de ópera e ballet clássico.
No dia seguinte também não nevou e por isso pudemos ter uma ideia diferente da cidade. Para visitar é muito melhor com bom tempo!
Mais umas voltas pela cidade e à tarde tínhamos avião para Praga. Chegámos aqui e ainda estava mais frio! A aterragem não foi bem fácil. Havia muito vento e o avião tremia por todos os lados. "Trava c*r*lho, trava c*r*lho!" - dizia o Saleiro.

No dia seguinte, ou seja, hoje, tive um teste. Devia ter sido feito ontem mas disse ao professor que não ia estar cá na 2ª-feira e ele disse que não havia problema e que viesse na 3ª! Porreiro! Até nem correu mal...



IMAGENS - de cima para baixo:
  • rua em Bratislava
  • praça no centro
  • a famosa ponte
  • túnel na discoteca anti-nuclear
  • já em Viena: verdadeiro jantar tuga; só foi pena ser num restaurante italiano...
  • neve a potes
  • jardins do Schönbrunn
  • ainda nos jardins com o zoo atrás
  • Karlskirche ou Igreja de S. Carlos
  • palácio Belvedere
  • mais do mesmo
  • estátua do Mozart
  • Reichsratsgebäude ou simplesmente parlamento
  • Rathaus ou câmara municipal